Por Jaconias Neto
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta terça-feira (4), a Operação Fio de Aço para investigar um esquema de fraudes em contratos médicos custeados com recursos públicos. Segundo as investigações, empresas do ramo da saúde simulavam concorrência para direcionar contratações e superfaturar orçamentos apresentados à Justiça.
Conforme a Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), estão sendo cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em endereços de investigados e empresas suspeitas de participação no esquema.
As apurações começaram após uma denúncia feita ao Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Saúde Pública (Cejusc), que identificou valores acima do mercado em orçamentos de procedimentos médicos pagos com dinheiro público em processos judiciais de diferentes comarcas.
Durante a análise, o Cejusc encontrou inconsistências nos valores e descobriu que empresas supostamente diferentes apresentavam propostas combinadas, sendo na verdade controladas pelo mesmo grupo.
De acordo com a Polícia Civil, o grupo atuava de forma organizada para manipular licitações e enganar o Poder Judiciário, o que resultou, ao longo dos anos, em pagamentos superfaturados e desvio de recursos públicos destinados a pacientes atendidos pelo SUS e pela Defensoria Pública.
Além das buscas, o Poder Judiciário determinou o bloqueio de bens, imóveis e veículos dos investigados e das empresas envolvidas. Os suspeitos estão proibidos de manter contato entre si ou com testemunhas, e não podem deixar a comarca sem autorização judicial, devendo entregar seus passaportes.
As empresas investigadas também ficaram impedidas de firmar contratos com órgãos públicos — em qualquer esfera — especialmente em ações judiciais ligadas à saúde.
O nome “Fio de Aço” faz referência ao material usado em cirurgias e simboliza o modo como os investigadores conectaram diferentes empresas e pessoas envolvidas no mesmo esquema criminoso.